Destino II

Lá estava ele prestes a entrar no trem. Sem malas só um chapéu molhado e um casaco surrado. Ele olha seu ticket e não parece ver o que tem escrito, na certa não está querendo ir a lugar algum. Apenas ser um errante e olhar a paísagem do meio do caminho e pensar em não mais beber talvez, ou em como sua vida era um vazio, amores perdidos? Sei lá... As várias váriaveis levam a uma opção. Não tudo isso é mais um devaneio tolo passando por sua cabeça.
De repente o apito do trem ecoou madrugada adentro, ele podia jurar que se não fosse pelos bichos noturnos a cidade inteira teria acordado, ou pelo menos escutado o estampido agudo do trem... Em meio a isso tudo ele dá mais uma olhada no ticket e se pergunta: "Para onde vou mesmo? Estou fugindo de que?" Sem tempo, resposta imediata foi: " Hora de partir, hora de partir! Muito bem embarcando." Pensou ele...
No trem ele foi ao último assento, sentou-se sozinho na janela. Olhou a noite que estava cheia de nuvens cobrindo o brilho da lua, ele viu algumas gotas transbordarem pela janela. O trem entra em movimento, e mais um estampido ensurdecedor... "Finalmente" pensa ele, da uma bela olhada pela cidade, e para velha fábrica na frente da estação de trem, dá um breve tchau e se coloca a pensar novamente no que estava fazendo ali. Absorto, ele não ouve mais nem o cobrador pedindo ticket's e muito menos o atrito das rodas nos trilhos... Quando ao longe uma voz  feminina pergunta: " Alguém está sentado aqui?"
Ele, sem reação alguma só teve o reflexo que qualquer pessoa teria quando se está pensando distante e volta imediatamente para a realidade. Olhou para o lado e mirou-a nos olhos...
 

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